A implantação da 5G em 2022 trará mais competição ao mercado com os ISPs vencedores do leilão 5G se destacando na velocidade de instalação das redes, diz o conselheiro da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) Basilio Perez. “Em questão de meses, vamos ter alguma surpresa muito interessante de pequenas operadoras atendendo cidades na frente de grandes operadoras”, prevê.
No leilão 5G, provedores como Algar, Sercomtel e Brisanet conseguiram arrematar frequências que vão desde 3,5 GHz até as ondas milimétricas. Nem todas as faixas adquiridas pelas empresas estão presas à limpeza de faixa comandada pelo Gaispi, que acompanha apenas a banda C.
Na perspectiva de Perez, as pequenas irão instalar mais tecnologia 5G e de forma mais rápida que as grandes operadoras por não terem redes de outras gerações, como 4G e 3G. Isso daria uma vantagem para os mais novos competidores: ter sempre uma rede móvel de quinta geração a disposição dos clientes. Na Vivo, TIM ou Claro, o usuário ainda se conectaria redes 3G e 4G.
Apesar das lotes nacionais adquiridos pelas três estarem vinculados às obrigações para 2022 e, os regionais, para 2026, as grandes operadoras podem estar concentradas na implantação da 5G nas grandes cidades e capitais. Isso deixaria espaço para os pequenos provedores nas cidades menores, que também por conta de seu tamanho facilitam a entrega da 5G
Perez argumenta que os ISPs que compraram os lotes “têm a capacidade tecnológica e financeira” para evitar a médio e longo prazo áreas que não tenham qualquer sinal da provedora. “E eu sei que elas [ISPs] já estão trabalhando nesse sentido”, completou.
VENDA DA OI MÓVEL
Ao resultar no surgimento de outras operadoras dentro do negócio de redes móveis, o leilão 5G poderá compensar o desaparecimento da quarta operadora do país, a Oi, cujos ativos foram comprados pela Vivo, TIM e Claro. Ainda assim, serão necessários remédios para mitigar, na Visão do executivo, os danos da transação.
Vários pequenos provedores detém contratos de roaming e transporte com a atual Oi Móvel. A companhia, aponta Perez, tinha maior flexibilidade para fechar contrato com os pequenos, enquanto Vivo, TIM e Claro costumam ter políticas “muito duras” nesse sentido. “A preocupação é que, com o desaparecimento da Oi móvel, se torne mais difícil esses contratos de roaming, principalmente, do que as empresas tinham com a Oi original.” Cabe à Anatel ficar de olho, diz.
CONSULTA PÚBLICA DA REGULAÇÃO COM POSTES
A proposta para nova regulação e compartilhamento de postes publicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ainda têm uma série de pontos a serem aprimorados, opina o conselheiro Peres. Um deles seria a transferência das atividades de gerenciamento de postes a uma entidade externa, o que a Abrint vê com bons olhos.
No entanto, da forma que foi definido pela agência, essa entidade não será completamente neutra. “Ela tem que ser uma empresa cujo único propósito comercial seja alugar espaço no poste”, declara.
O conselheiro também afirmou que deseja um preço justo para cobrir os custos com esses ativos. “Um poste tem vida útil de mais de 30 anos. Do jeito que está hoje, com o que mercado de telecom investe, para dá para comprar um poste a cada ano”, defende.
O preço de referência por poste de R$ 3,19 estabelecido em 2014 é falso, conforme Perez. Na época em que a média foi calculada, havia uma desigualdade nos contratos entre grandes operadoras e ISPs, o que impulsionou o crescimento da média. “Grandes operadoras e concessionárias pagavam R$0,67 centavos por poste, e pequenos provedores chegavam a pagar até R$ 20 reais”, disse.
DESTINO DOS PEQUENOS PROVEDORES EM 2022
No mercado de ISPs, Basilio Perez enxerga uma tendência de consolidação que não irá extinguir por completo os menores dos provedores. Essas empresas têm como vantagem estarem muito próximo de seu cliente, conhecendo-os pelo nome, e devem permanecer pequenas em seus devidos núcleos onde estão atuando bem e sem concorrência das grandes. “Isso aconteceu em outros mercados, como o de supermercado, em que existem grandes redes de supermercados no Brasil, mas ainda tem o mercadinho da esquina”, explica.